segunda-feira, agosto 23

Porque gosto

Era o mesmo campo de tulipas amarelas de sempre.
tão lindo...

Com aquela árvore à esquerda, de tronco largo, raízes fortes, rodeada de dentes-de-leão.
E claro, céu azul, como não seria! E um cheiro de alegria e de crianças, aliás, risos ao longe delas, risos gostosos de quem corre entre as flores.

E rodopiei, correndo muito, os braços altos como que abraçando o vento, que era leve e as sementinhas aladas daqueles dentes-de-leão me rodeavam e dançavam comigo e sorrimos e dançamos e sentimos os pés guardados.

A mãe gritava que havia café e broa quentinha e todos corriam em volta da casa antes de sossegar e como era gostoso de ver.

Esqueci da música: flauta, assobio...algo assim...do moço querido, claro. Mesmo quando não penso, penso nele.

Tulipas amarelas por toda parte e céu azul piscina como gosto...

Abri os olhos e o tapete cereja me acolhia e da janela a lua cheia me lembrou biscoito de aveia e mel...que delícia!

Namastê

(Fim da aula de yoga de hoje ;)

(Darla)

terça-feira, agosto 10

Hoje ela se olha e não vê mais como antes.
Não vê mais aquela menina, pelo menos não somente.
Ela olha e vê unhas pintadas,
olha, e vê uma malinha já cheia de coisas legais que ela sonhava, mas não imaginava tocar.
E se as unhas pintadas nem são tão novidade assim há algum tempo, hoje elas anunciam mãos novas, que deslizam as costas e afagam o cabelo do amado, que riscam o quadro verde, que assinam os novos planos, que folheiam a leitura espiritual diária e que claro, escrevem como sempre.
Um corpo ainda menina, vestido rendado, sapatos vermelhos que a fazem lembrar Dóroti e muitos porquês e respostas mirabolantes pra tudo, como Alice.
Estes pés hoje não andam mais tão sozinhos, embora encontrassem sempre um par de all star amigo em filas de teatro, fios de telefone, aulas de cálculo, rabiscos avulsos e diários. Estes pés agora descansam e andam sobre outros tão sonhadores e idealistas, tão crentes, espirituosos e movidos quanto eles.
Pés e mãos de alguém que mistura letras, sons e alma e que quando chega aos ouvidos dela, faz seu coração dar pulinhos de alegria e logo o sorriso ganha todo rosto de lua cheia, iluminada pelo sol dele.
É, hoje ela se olha e se vê mais ela por ser tanto dele.

(Darla)
 

domingo, agosto 1

Observo-a há tanto tempo...
Lembrei-me dela atravessando a rua vazia, olhando para as janelas, buscando algo, ansiosa com coração palpitante e desejoso até que um pássaro pousou nela.
E me lembrei dela lambuzada de doce de leite, coberto com cristais direto do pão de açúcar.
E me lembrei também do céu azul piscina que anunciava uma noite ímpar.
E das gotas de chuva aqui e ali e dos sapatos vermelhos atravessando a rua cinza e os tantos ônibus rumo à brisa do mar.
Lágrimas inexplicáveis, que talvez saíram porque queriam saber o que é molhar um ombro e não um travesseiro.
Fogos de artifício, vento no rosto, água gelada de cachoeira, arroz com brócolis e suco de morango com laranja...
Ela, a figura dela, me passou como um filme acelerado na mente e me lembrei dos instantes que a vi feliz e fiquei feliz de ver seu sorriso.
Lembrei-me dela também pequena, no corpo de criança, louca pra saltar a janela e criar asas como borboletas e me lembrei dos desfiles cívicos que eram tão importantes e até senti saudade daquela cabecinha sonhadora.
Lembrei dos tropeços, dos tempos que ouviu tantos conselhos e se perdeu e tentou se achar, se perdendo e se achando. Quero tanto que ela se encontre mesmo.
Ela me instiga porque me confunde, por isso observo-a tanto.

(Darla)

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