Apertou os olhos para suportar tanta cor.
Cores que respiravam enquanto a espreitavam contra a cadeira, onde se plantara.
Apalpou os bolsos, procurou os confeitos da noite anterior, restos dos minutos que queria parar, mas os bolsos estavam furados (os dias passados).
Fitou-se então e quis entender (como todos os dias) como fazia pra ser inteira quando metade, ou como fazia pra sua metade parecer inteira.
Era sempre assim. Passado um dia em reclusão, ela com seus pensamentos, com suas atividades rotineiras, com o ir e vir absolutamente previsíveis: café, almoço, janta, cama, leituras, contas, afazeres...(suspiros); era só ficar um dia assim e já vinha aquilo de novo, a coisa que aperta o peito, o semblante da introspecção com a música de fundo de dias tristes.
Não queria ser assim, mas é. Queria ser sempre como farinha e açúcar que se ligam com ovo e manteiga. Um bolo inteiro, fofo, quentinho e queria ser assim pra sempre, sem pedaços, sem até amanhã ou até logo, um inteiro que se divide se multiplicando, entende? (Sempre foi boa em cálculos, mas preferia as letras).
Balançou as bandeirinhas, comeu brigadeiro na colher, fechou os olhos um pouco, mas no final era ela falando pra alma dela pra se aquietar um pouquinho pra chegar o novo dia, as novas cores e a hora de se ver inteira como massa de bolo (juntinha).
(Darla)
2 comentários:
UAU !!!! ..é, acho que a Darla esta de volta =]
Bjos,
Le
.."um inteiro que se divide se multiplicando"
..adorei isso rei, e vc ainda pode sim, escolher as letras!
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