terça-feira, julho 21

Minha poesia marginal*


















Meus olhos andam cheios de desejos e nas mãos tenho a tarefa somada ao anseio de fazer cumprir.
Nos meus ouvidos um sussurro inimigo.
Povoando os esconderijos da mente, o jogo de palavras e trapaceios.
Andando sobre a corda bamba da vida, equilibro-me sobre mim mesma.
Não pensava ser difícil viver,
Não pensava ser difícil vencer,
E me pergunto tantos porquês...

E uma ou outra vez consigo respirar quando emito o FODA-SE:
FODA-SE
FO - DA - SE

As pastilhas de hortelã estão sobre a mesa e o livro de cabeceira pode ser qualquer coisa revolucionária - símbolo de gritos surdos de quem só quer se libertar.
A música pode ser um pop rock, um rock pauleira, um folk cretino, um chorinho safado...desde que me faça sentir as ligaduras se rompendo e o êxtase explodindo.
As linhas do tornozelo e o lápis sobre os olhos são só uma maneira de dizer:
Qual é? Eu só quero ser um pouco dessa louca que mora em mim.

Mas as pregas da costura inglesa e as plumas da educação vitoriana ainda teimam em prender meus pés e enjaular-me nos calabouços reais.

“E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!”
Vou-me embora pra Pasárgada? Pra quê? Se Pasárgada é aqui, se Pasárgada sempre esteve aqui bem embaixo dos meus olhos e eu teimando em procurá-la no além mar.
Porra, aqui sou amiga do rei.

Então me diz, o que fui eu fazer lá na esquina esperando aquele ônibus que nunca passou e nem ia passar?

Fiz uns rabiscos na parede ensaiando uma rota de fuga, mas mesmo com o pé na estrada, essa minha sombra teima em me seguir. Então pensei em fazer um jogo sujo, tipo: embebedá-la e depois afogá-la no vaso sanitário. Drogá-la. Fingir-me amiga e enganá-la. Mas essa cretina é tão esperta quanto eu e se eu não me tocar sou eu que acabo comendo merda na tigela de qualquer bar safado por aí.

Mas dá pra entender tanta revolta? Pode ser sincero, você e seu puritanismo e seu ar politicamente correto. Ao invés de ficar aí com essa boca aberta, aterrorizado pelo meu português errado e chulo, por que não tenta pelo menos ser compreensivo e me diz que pelo menos me entende?

Tô puta porque meu inglês mal me leva na esquina e minha arte não me dá nem o pão amanhecido. Tô puta porque meu tesão não enche nem um copo de cachaça e sou fraca demais pra tomar algo forte o bastante pra poder me livrar dos meus monstros.
Tenho um bando de cds me olhando e que nunca tive saco de ouvir e livros então, são enfeites de estante. Tenho um monte de números na cabeça, mas nenhum que me faça ganhar na mega sena, e ser uma puta vadia agora nem me parece que seria tão ruim porque ser boazinha enche a porra do saco e me cria rugas que me farão gastar o dinheiro que não tenho para comprar os cremes milagrosos da revista de cosméticos que prometem me dar aqueles 20 anos perdidos em sonhos idiotas.

(Darla)

[*porque todo mundo tem o direito ao foda-se]

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi Darla, é com muita felicidade que recebo seu comentário e saiba que será sempre bem-vinda, o que precisamos são pessoas interessadas em se "intelectualizar" e não ficar apenas divulgando seu blog "copia e cola", certo? E adorei a sua poesia marginal: esse é o espírito, essa menina da foto com o dedo em riste é a imagem perfeita. Adorei msm seu blog!

Abraços!

Música e Caipirinha disse...

UAU ! ..foi clara de direta !!! ..assim que temos que ser, colocar a verdade do que sentimos para fora. Deixe a vida lhe surpreender todos os dias, um beijo enooorme em vc =****

Anônimo disse...

Foda-se! Essa é a idéia. Lute, coloque em prática. E, foda-se! Parabéns.

.Fran. disse...

Muito bom o texto! Objetivo, verdadeiro, e a imagem casou perfeitamente.
Muito bom o blog!
Bjus!

.Fran. disse...

Muito bom o texto! Objetivo, verdadeiro, e a imagem casou perfeitamente.
Muito bom o blog!
Bjus!

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