quarta-feira, junho 30

Dos pecados interiores

Sim, eu sinto.
E sinto como quando a chuva de verão toca o telhado de zinco
Ou como a bola que invade o gol
Ou como a foice que rasga o campo

Sinto como a pedra no sapato no caminhar obrigatório
Como a sede na garganta do que quer um copo d’água

Sinto quando ele vai e quando ele volta
Ou quando fala ou não fala
Ou quando sei do outro que precisa dele, ou que o ama, assim como eu

Sinto um sentir que queria que fosse só meu

Somente meu, de mais ninguém.

(Darla)

segunda-feira, junho 28

Sobre o sentir

Apertou os olhos para suportar tanta cor.
Cores que respiravam enquanto a espreitavam contra a cadeira, onde se plantara.
Apalpou os bolsos, procurou os confeitos da noite anterior, restos dos minutos que queria parar, mas os bolsos estavam furados (os dias passados).

Fitou-se então e quis entender (como todos os dias) como fazia pra ser inteira quando metade, ou como fazia pra sua metade parecer inteira.

Era sempre assim. Passado um dia em reclusão, ela com seus pensamentos, com suas atividades rotineiras, com o ir e vir absolutamente previsíveis: café, almoço, janta, cama, leituras, contas, afazeres...(suspiros); era só ficar um dia assim e já vinha aquilo de novo, a coisa que aperta o peito, o semblante da introspecção com a música de fundo de dias tristes.

Não queria ser assim, mas é. Queria ser sempre como farinha e açúcar que se ligam com ovo e manteiga. Um bolo inteiro, fofo, quentinho e queria ser assim pra sempre, sem pedaços, sem até amanhã ou até logo, um inteiro que se divide se multiplicando, entende? (Sempre foi boa em cálculos, mas preferia as letras).

Balançou as bandeirinhas, comeu brigadeiro na colher, fechou os olhos um pouco, mas no final era ela falando pra alma dela pra se aquietar um pouquinho pra chegar o novo dia, as novas cores e a hora de se ver inteira como massa de bolo (juntinha).

(Darla)

quarta-feira, junho 2

Olhou através de uma janela grande e profunda
Daquelas que dá pra ver muita gente, ler muitas placas perto ou longe, ouvir sons de casas, conversas, rádios, carros e crianças, mas pousou sobre os olhares.

Diversos, de tantos gostos, de tantas cores, pouco azuis, muito azuis, novos, nem tão novos assim, de línguas diversas, olhares diversos.

Mas num especial, viu um pássaro pequeno sobre o telhado grande. Era vida sobre o morto.

E mais uma vez, numa tarde fria, se viu salva.

Pra quem quiser, tá aí:



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