quinta-feira, abril 30

A palavra é: Cais

 
Passado um tempo de andanças sem destino,
veio subitamente a vontade de retornar à gare companheira,
o desejo emergente de se prender ao Cais.

Havia tocado ondas, visto os céus estrelados dos sete mares, provado o sal nos lábios, o brilho eterno das festas distantes e a oculta alma vazia que lhe parecia encher.
Atracara vez ou outra em países estrangeiros e deixara-se embriagar por vinhos viajantes, marginais ou infantis, que sabiam distrair, mas que não tinham onde prender a corda, deixar os ombros da nau se estirarem e descansarem como quando em casa.

Mas ele sabia o que queria, e era,
Cais.
Pra onde sempre voltaria,
Cais.

Que descia os olhos sobre ele dia e noite e que dividia o exato instante sublime do poente,
onde lançaria sua corda, desembarcaria seu quinhão mais valioso e suspiraria aliviado por ter e saber ter,
o Cais.

Cruzado o horizonte da proximidade, podia ver o sorriso aberto do que lhe aguardaria sempre e desde longe veio bailando sobre a água e criando ondas que beijavam o amado antes mesmo da sua chegada.

Logo atracaria
E se deixaria ser...
do Cais.

(Darla)

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