
É madrugada e ela tá lá naquele bar vazio, olhando pra cara do garçom quase íntimo. O jazz do músico fracassado ao fundo e o olhar do estranho fuzilando-a.
“Qual é? Olhando o quê? Perdeu alguma coisa aqui?”
Não estava sob efeito do álcool, era fraca, uma única dose e só queria cama [pra dormir], ela tava é puta mesmo, não tava, ela era puta, não vadia que sai dando por dinheiro, puta de revoltada, irritada...cheia.
O estranho, com um meio sorriso, sentou-se no balcão, no banco ao lado, e a olhou nos olhos.
“Ei menina, qual é o nome da revolta? Cospe ela aqui.”
Ela lançou um olhar de desprezo e riu-se.
10 min depois já eram íntimos. Nada de pegação, mas de conversa. Ambos estavam carentes de uma boa conversa e despretensiosamente ela fluiu.
Falou-se da infância até à puberdade, da escola de música deixada de freqüentar na adolescência, até os detalhes das escadarias do lugar viajado no ano passado.
Ela falou que queria ser burra, analisar menos e deixar de querer ter respostas pra tudo.
“Putz, deve ter sido aquela professora de português, foi ela a culpada.”
“Oras, ninguém é culpado...”
“Droga!”
[pensamentos]
“Essa casca vitoriana, que vontade de me despir. Quero vestido listrado, all star, lápis nos olhos. Quero blusas de todas as cores, xadrez, flores, chita...e pronto. E quero dizer foda-se, porra,...essas coisas, sem pudor. Porque todo mundo pensa isso e fala isso, mas eu cismei que não podia.”
O cara riu-se.
Mais uma dose, mais uma gargalhada, uma cumplicidade de olhar e ele disse adeus.
Ela disse até logo pois odiava perdas.
Mais uma noite e mais uma vez ela simplesmente ‘passava’.
(Darla)
2 comentários:
UAU !!! ..merece um brinde até, mas com pouco gelo e muita vodka!! ..amo-te reizin, fique em paz =*
Estava te devendo uma vsita por aqui. Adorei seu blog.
MAnda um beijão pra minha amiga.
Bjs
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