sexta-feira, outubro 16

Quem

Passou pela rua larga sob o sol de primavera vespertino
num céu azul quase intacto e amplo
o asfalto ardendo como que reclamando o passo.

Uma rua deserta
nada além do som do silêncio
cortinas a balançar em janelas entreabertas de mundos desconhecidos
e seus olhos curiosos se esticavam loucos pela imagem de um quadro, uma porcelana, o som de um piano...
Mas nada.

Pés duros sobre o solo cansado e o sorriso tímido sobre o rosto leve.
O coração pulando ritmado no peito, engolindo a certeza do novo.

Então deixou as mãos dançarem ao vento e a vi rodopiar tal como bailarina de caixinha de música.

No ar um cheiro de tarde de infância.

Abriu então os olhos rindo-se da travessura quase clandestina

não fosse um observador peculiar.

Ela cambaleou num misto de timidez e encantamento pela figura que a observava com olhos fixos e dedicados.

Ela sorriu
e ele voou pra mais perto.
Ela o tocou
e ele cantou.
Ela o beijou
e ele se guardou em seu ombro.

A menina e o pássaro.

(Darla)

4 comentários:

Fay disse...

imaginei a cena por completo.. que coisa gostosa! amei isso aqui: "engolindo a certeza do novo". o novo assusta, mas como é bom!

às vezes a gente lê uma coisa e pensa: "foi pra mim, ah, foi pra mim".

tá lindo, querida.
=*

Música e Caipirinha disse...

Que lindo!

=*

Daisy Serena disse...

docinho o texto,rs.
a menina, o pássaro, e o quente de não sentir-se sozinho mais.

=)

Anônimo disse...

A tal da "quase-clandestinidade"... que sempre é uma situação ímpar, né.

"Quando se quer voar guardado ali no ombro."


Muito bonito de novo, Darla!
André

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