
Através dos olhos que me são como janelas
que conectam meu mundo aos outros mundos vi passar...
a mochila nas costas
o olhar de ombros
um dedilhar na lateral do corpo bem ritmado
[parecia ter música na mente]
fui atraída
eu e meu anseio pelo pensamento do outro
pelos segundos em que se pensa o inesperado, o surpreendente ou mesmo o óbvio esquecido
procurei me atentar ao contexto a minha volta e ignorar a joaninha que atravessava a rua
cheia daquela esperança que me foi atordoante
vi que haviam algumas nuvens que anunciavam chuva
espiei as horas no relógio da praça
uma buzina me lembrou a faixa
passos ao lado e os sinais de que outras vidas passavam
mas eu, ali, com um martelo batendo na fronte, olhos queimando sob a luminosidade do dia claro, o peito transbordante de um moço de asas e ainda sim, gritando por instantes a dúvida: o que ela leva na mochila?
até que o bonde da vida atravessou a rua
as páginas da leitura psicológica se fecharam
o vento se apazigou e junto dele o peito que batia forte uma curiosidade plantada firmemente
ainda consegui correr e tocar a alça da mochila, mas ela subiu sem olhar pra trás
E na minha mão o bilhete:
“Tenho 19 e uma mochila vazia”
De certa forma inexplicável, meu espírito se aquietou naquela tarde.
(Darla)
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