domingo, junho 28

Para ler de manhã e à noite

 
"Aquele que amo
Disse-me
Que precisa de mim.
Por isso
Cuido de mim
Olho meu caminho
E receio ser morta
Por uma gota de chuva."


sexta-feira, junho 19

do latim, Luz











Lucíola era daquelas moças que pertencia aos seus olhos.
Queriam-na pintada, e lá estava ela, com todas nas nuances de cores e detalhes.
Queriam-na sorrindo, e ela tratava de colocar logo um belo e satisfeito sorriso no rosto.
Queriam-na ajeitando as coisas, opinando sobre economia, astronomia, música ou arte, e ela tratava de cobrir-se do seu porte mais intelectual.
Queriam-na indefesa e sensível. Intocável e sublime. Disponível e sempre alerta. E ela não decepcionava.

Mas Lucíola revelava paixões por pequenas coisas: borboletas, olhos sérios e misteriosos, conversas rasteiras e sussurradas, movimentos de mãos, andares, cheiros. Andava nas ruas, e não estava lá, sempre no refúgio gratuito dos amigos pasargadenses e das confidências com a amiga alada. Mas sua paixão por pequenas coisas não a deixava descansar naquele seu mundo particular, era como se algo surpreendentemente necessário lhe faltasse.
E nada foi capaz de sossegá-la e toda literatura não foi capaz de lhe trazer as respostas.

Mas um dia, como qualquer outro, à janela, foi golpeada e arrebatada pela resposta mais eloqüente que poderia desejar ter.
A resposta era Luz.
E se fez só Luz...e borboleta, é claro.

E se sente dona das ruas por onde passa.


(Darla)

quinta-feira, junho 11


Uma necessidade pelo novo, uma sede incontrolável que acelera os batimentos no peito e faz excitado todo o corpo, pupilas dilatadas, mãos trêmulas, suor e salivação.
Uma vontade de inovar no meu estado literário, quebrar os grilhões do estilo e marginalmente explorar o desejo íntimo e expô-lo nos muros, nas praças. Gritar essa fome de arte, de arte crua e de arte temperada, de arte que é capaz de arrebatar o mais incrédulo vivente dessa terra de maldizeres e de ostracismos.
E me rasgar, beber do vinho da arte, ser tomada pela música e ter poemas só pra mim. E esse desejo que agora me dói o peito é um anseio que arde e me toma, que chega a faltar-me o ar para sobreviver.

(Darla)

segunda-feira, junho 8

late?

 
Um campo de tulipas amarelas, banhadas pelo céu azul piscina, aquela brisa amena, meio quente de tardes de primavera e cheiro de infância. Fugi pra lá nesta manhã, quando em meio às construções da cidade, buzinas, ruídos, correria...quando, no meio disso tudo, fechei os olhos, abandonei o corpo na shavásana e me vi menina correndo no campo, próxima à arvore preferida, engolindo o prazer daquela imagem. E senti aquela praia, aquela pra onde meu pensamento voa sempre que quero ver algo belo. Vi o mar, senti o calor do sol quando levantei os braços e o saudei. Foi bonito, foi gostoso e confesso que passaria o dia todo lá. Mas o bater do relógio da grande torre ao lado me trouxe de volta...
”I’m late...”: disse o coelhinho para ‘Alice’ no país das tulipas.

(Darla)
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