domingo, agosto 1

Observo-a há tanto tempo...
Lembrei-me dela atravessando a rua vazia, olhando para as janelas, buscando algo, ansiosa com coração palpitante e desejoso até que um pássaro pousou nela.
E me lembrei dela lambuzada de doce de leite, coberto com cristais direto do pão de açúcar.
E me lembrei também do céu azul piscina que anunciava uma noite ímpar.
E das gotas de chuva aqui e ali e dos sapatos vermelhos atravessando a rua cinza e os tantos ônibus rumo à brisa do mar.
Lágrimas inexplicáveis, que talvez saíram porque queriam saber o que é molhar um ombro e não um travesseiro.
Fogos de artifício, vento no rosto, água gelada de cachoeira, arroz com brócolis e suco de morango com laranja...
Ela, a figura dela, me passou como um filme acelerado na mente e me lembrei dos instantes que a vi feliz e fiquei feliz de ver seu sorriso.
Lembrei-me dela também pequena, no corpo de criança, louca pra saltar a janela e criar asas como borboletas e me lembrei dos desfiles cívicos que eram tão importantes e até senti saudade daquela cabecinha sonhadora.
Lembrei dos tropeços, dos tempos que ouviu tantos conselhos e se perdeu e tentou se achar, se perdendo e se achando. Quero tanto que ela se encontre mesmo.
Ela me instiga porque me confunde, por isso observo-a tanto.

(Darla)

2 comentários:

Fernanda disse...

muito bonito mesmo o texto, fiquei aqui lendo e entendendo todas as linhas, pretensiosamente. que bom te entender, darlinha!
beijos!

Carol Freitas disse...

Doce, mto doce.

=)

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