sexta-feira, setembro 3

O coração da Darla

Meu coração às vezes dói e fico pensando se poderia se tratar de alguma patologia de nome estranho,longo,de radical -algia , talvez.
Mas é dor que o analgésico da tal Associação dos Analistas de Sistemas não resolve, é dor com vontade própria, que pensa e que fala a hora que bem quer, no lugar que quiser, mesmo quando você quer silêncio pra ouvir aquela última fala do ator. 
Droga.
Ele às vezes dói como se triste, sem estar, como se faminto tendo o que comer, como que louco por um grito quando se dorme. 
Ele dói quando se vê longe do divã, longe do ouvido, incompreendido. Dói na sua diferença, na sua indiferença, no seu jeito meio assim, meio assado, que faz ele ser quem é e pertencer a quem pertence.
Deveria ter ocupado outra residência. -poderia pensar ele.
Um pouco mais espaçosa e sem tantas flores em jarros e papéis de parede do tempo da vovó. Mas me encantei com seus olhos, caí por aqui, fui ficando, me envolvendo e agora, que faço eu, senão suportar?
Meu coração às vezes dói pela sede de ser menos coração neste mundo onde quase não se lembram da existência deles.

(Darla)
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