quinta-feira, fevereiro 26

Olhos ainda pintados dando adeus ao feriado ingrato
cortinas rasgadas que tentam se fechar.

Uma última nota no cavaquinho e o ouvido louco por ouvir um novo som...
vontade de ser piano pra ser tocado com maestria.

plumas e paetês levados com o vento sul
sorrisos disfarçados e cansados
sem porquês.

Salão vazio aqui dentro...
dança solitária aqui dentro...

“solidão também é companhia?”

Talvez...

(Darla)

terça-feira, fevereiro 24

Eleonor

Eleonor era moça de finos traços e olhar tenro.

Nela, ele encontrou boa amiga, nele, ela encontrou bom ouvinte.

Dela, ouviu sobre saudade
Disse-lhe que é sentimento que não se sabe como lidar
“Saudade...o que fazer com ela...não sei...”

Também falou ela sobre aurora boreal e do seu desejo por ser uma.
E ele viu nela todas aquelas cores que verdadeiramente saíam dos seus poros. Ela era realmente uma.

E todos os dias ele se sentava ao seu lado e a olhava, esperando pela nova palavra.

Falou sobre ameixas, sobre algas, mares mortos por sal
Rabiolas, confeitarias e laços de fita
Sobre as estrelas e sobre vulcões.

Até que um dia ele a perguntou sobre o amor.

“Amor?... não sei”.

E continuaram ali por toda tarde, banhados pelo silêncio, observando os pássaros.

(Darla)

 
Eu quero é me deitar neste chão
Deixar os cabelos tornarem raiz
Ser semente pra boa colheita
Do forasteiro que me quiser levar.

(Darla)

domingo, fevereiro 22

Um olhar colorido

 
Sou a notícia
o grito alarmado
o sono repentino

sou cor sobre o desenho
e sobre mim.

(Darla)

Doce sina

 
Sempre se olhava, mas nem sempre se via.

Eu só observava
Observava os olhos fugitivos
Os olhos de ressaca fingindo não se ver.

E minha alma ficava imensamente penosa
pelos olhares indeterminados sobre si mesma.

Então passaram alguns ventos,
mares e tempestades,
Até dias de sol a pino.

E num dia em que observava não mais com expectativas, mas só curiosamente, tive a maior surpresa e alegria que poderia esperar.

Um olhar como nenhum outro
Um lançar de olhos sobre si que a revirava
Um olhar de ondas que renovavam tudo
Um olhar de céu que só tinha estrelas
E de sorriso descobridor
Apaixonado, louco por vida
Um olhar colorido sobre uma vida até então preta-e-branca.

E aquele olhar fez até minha vida de observar parecer mais interessante.
A fez valer à pena.

Vê-la olhar para si daquele modo e perceber que se via
Fez-me pegar a mala e partir a fim de observar outros olhares.

(Darla)

domingo, fevereiro 15

Orkuteando...


As palavras se encaixando com cada foto
E cada foto parecendo um livro
Tanta coisa li nelas

As palavras dele pra ela e dela pra ele...

Acho que era assim que queria viver
Mas sem ilusões...só foi bom sentir isso, ver um pouco daquilo que na verdade queria...

Gostei porque gosto de me ser assim e assim me sou em essência

E tudo bem se não achar tanto...eu achei

(Darla)

sexta-feira, fevereiro 13

Um café

 
Uma palavra e o meu silêncio.
Mais uma ...
e o seu silêncio.

Um gole do café
e o respeito a que lhe devo.

Um suspiro
(dedilhando os lábios)
Outro
(sussurrando um soneto)
Mais um
(imitando a música)

Um olhar e o seu silêncio.
Meu olhar sobre o seu silêncio.
Uma jura silenciosa dentro de mim.

Uma esperança lançada sobre os movimentos das suas mãos
e sobre a leitura pessoal que faço dos seus traços.

E mais um silêncio.
Perdido dentre tantos dos que já me acostumei.

(Darla)

segunda-feira, fevereiro 9


O sorrir da criança no colo daquela mãe fez cócegas em seus lábios
E da dureza das linhas de sua face brotaram sinais de esperança


[Bom saber que havia esperança sob seu olhar tristonho]


(Darla)

domingo, fevereiro 8

Cansaço d'alma


Sentei ali, ali mesmo no banco da praça, o mais afastado mas que dava a visão de todo o mundo.
Algumas folhas aos pés, risos ao longe de crianças, um meio sol sobre mim e o cheiro de pipoca enlaçando-me.

Então sentou-se na ponta oposta do banco e balbuciou
“estou cansado”
Olhei com olhos curiosos, talvez juvenis, de quem quer desvendar o universo.

Um meio sorriso, um suspiro e
“estou farto”

Abaixei a cabeça num sinal de compreensão e até compartilhamento de tal sentimento
Entendendo, olhou para as mãos, sorriu e

“é bom saber que não se está sozinho”

Então sorri
Sorriu

E houve o silêncio que nos abraçou

 
Realmente, existem mesmo “Pessoas” por aí...

(Darla)

sábado, fevereiro 7

Verdades de um Douto


“E todo mundo sabe que gente ruim não usa all star”(*)

Desejo ao meu mundo e ao seu, all star
O preto tradicional, o branco clean, o vermelho e o estampado estilosos, o xadrez...
Pode ser qualquer um.

Desejo que ande por aí sem se sentir acima de ninguém
Mas que não deixe de ver quão valioso é no mundo e que a cor que você traz é única.

Desejo que ande confortável, viva quem você é e seja verdadeiramente você sem se importar com a opinião alheia.

Desejo que faça as pessoas à sua volta se sentirem felizes e em sua tribo
E que sempre haja um sorriso no fim do dia
Um cinema com pipoca
Chocolate e coca-cola.

Que você se deixe molhar de chuva e se seque atrás da geladeira, se estiver com pressa, mas se não, que se seque calmamente enquanto encontra carinho no colo de alguém.

Desejo paixões fulminantes
Gírias, as mais variadas
Gostos discutíveis.

Mas desejo também que se encontre:
Na velha loja de discos
No blues esquecido
Na camisa amarrotada
Na viola.

Pode até ser.

Mas que se encontre no outro que anda por aí onde você talvez nunca pisou
No outro que assobia pela rua tentando te achar
No outro que separou o colo, os dedos, os olhos, a boca, o ser todo, só pra te fazer sorrir
Sempre e sempre

E que use all star, é claro!

(Darla)
(*)Recortes de um Douto
Related Posts with Thumbnails