sexta-feira, setembro 25

Guia para o viajante

 
Ao tomar a estrada olhe em frente, sempre em frente.

Use óculos escuros.
Uma blusa solta pra poder sentir o vento agitando-a, pois assim sentirá efetivamente o sabor liberdade.

Mastigue chicletes, dê preferência aos que têm recheio e que manchem a boca de uma cor adorável.

Leve cd’s, vários, de todos os estilos, dos mais agitados aos mais dramalhões que vão te fazer cantar alto e chorar feito criança lembrando do cachorro da infância ou do “cachorro” da juventude.
Cante, cante alto, bem alto. Mas pra isso, escolha estradas largas e pouco movimentadas pelo bem dos ouvidos alheios.
Dê preferência por estradas alternativas, mas nada de atalhos, melhor enfrentar os desafios de frente.

Faça xixi a cada 4 horas e aproveite para esticar as pernas, ler as notícias no jornal da parada, sorrir pra moça do café e finja não ouvir a cantada sem graça do caminhoneiro, mas seja educada.

Barras de cereais, biscoitinhos, chocolatinhos, confeitos, essas porcarias são as melhores companhias numa viagem sem destino, mas, por favor, coma comida de verdade.

E tome água, muita água.

Desligue o bendito celular ou jogue-o fora.
Ligue pra quem você ama do orelhão do posto e cuidado com as pulgas na hora do sono necessário.

Sempre alerta, sempre atenta, sobretudo à estrada, ao destino, aos caminhos.

Esteja aberta a sentir os cheiros, eles dizem tanto. Sinta o cheiro do mato, da gasolina, do café, do chão, do asfalto. Sinta o cheiro que é só teu e que impreguina o carro, sinta teu hálito, engula e sorria, mas não esqueça de escovar os dentes. Pesquisas revelam que o uso de fio dental aumenta a expectativa de vida, então, é melhor não arriscar e garantir mais uns 3 aninhos nas costas que nunca é demais.

Use calçados confortáveis, mas deixe os pés respirarem. Deixe seus dedos provarem a terra molhada após a chuva de verão.

Leia sempre as placas, siga as setas e compre um chapéu.

Pare! Sim, pare quando achar que está cansada, pense, reflita, permita-se aprender com quem parece não ter nada a oferecer. Nas estradas tem gente de todo tipo, com as mais bizarras histórias. Por que não ouvir e ainda ter a chance de escrever um livro depois?

Fotos...Isso, estavam faltando as fotos. As polaroides, como dizia uma velha amiga, são as melhores, mas andam tão difíceis de serem achadas, talvez num bom antiquário...mas sem problemas, que seja uma máquina digital mas não esqueça de revelá-las para sentir as imagens presas para sempre em papel. Papéis são coisas que a gente guarda pra sempre, sobretudo folhas A4.

Dica: fotos devem ser tiradas com seus olhos em primeiro lugar, depois com a máquina, porque assim elas serão aquelas fotografias particularmente impregnadas de alma e estas são as mais belas e só elas têm o poder de emocionar e são as que seus filhos terão o prazer de ver no futuro.

Tome cafeína. Mas chá de camomila é tão bom numa noite fria de insônia.
Mas cuidado, não pegue no volante depois de um porre de camomila e outra dica: sai dessa de insônia e se ficar triste, tem direito, mas não se demore nessa, a vida é tão mais. Digo isto com a experiência de quem tem calos nas mãos.

Pra fechar, vamos rever os pontos principais:

Proteja-se
Esteja atento ao caminho
Cuide de você
Respeite os demais
Tenha olhos curiosos
Tome água e coma bem
Sorria
Descanse

e...

Aproveite a viagem!


“Eu quero a sorte de um chofer de caminhão
Pra me danar por essa estrada, mundo afora,ir embora
Sem sair do meu lugar.”

(Darla)

domingo, setembro 20

Modinha*

 
Pousou na cabeceira pra esquecer
do verso triste que se leu
dos momentos nas ruas por onde passou.

E cortando a luz da tarde morna
encontrou descanso ao móvel mudo
e deitou seus olhos sobre os cabelos em flor.

Jaz a luz rompida sobre o chão de giz
de um quarto cheio de seus bibelôs
livros antigos e cheiro cassis.

Um lugar que outrora acolhia gente
quase que podia senti-lo quente
mas agora era só
vazio e dor.

E o silêncio de terça ensolarada
abraçou paredes
abafando
uma respiração quase cantada

da boneca de rosto porcelana
deitada sobre folhas avulsas
rabiscadas de joaninhas e amor.

Foi tudo o que viu
tudo o que pode ver
tudo o que quis se ver
naquela tarde
que de tão comprida
era mais que meses.

Tão vasto era o mistério ali
tão limitada a compreensão
que ignorou-se o pedido rouco
de uma voz serena
em meio a papel.

[suspiro de indignação]

E assim
pousou e se foi
sem perceber o coração batendo
no peito aberto de uma boneca
que agora lamenta sobre os versos soltos
de joaninhas que não se trazem sorte
e criados –mudos que nunca falarão.

Na
Naranara
Naranarara
...

(Darla)


[*escrito ao som (melodia) de ‘versinho número um’ da Mallu]


terça-feira, setembro 15

Viver nesse mundo é bobagem

 
Sob os olhares de um vasto teatro vi uma pequena flor se plantar
Veio do seu jeito mais limpo, mais ela e mais encantador quanto o esperado
E um sorriso quase esquecido ganhou todo meu rosto

O versinho de número um...
Girassóis que tomaram as poltronas...
E aquela voz seda, voz menina, voz só dela tomou todo meu peito e me tomou

Angelina...angelinaaaa...

Linda Malu

“Tchau”
:D

"Fiz esse versinho
Pra dizer
Por mais que vasta
A rima for
Não cabe ao verso o meu amor
Diz nesse versinho
Que o viver
Por mim
Não importa o como for
Já que será o nosso amor
Me ajuda a fugir
Me tira daqui
Viver nesse mundo é bobagem"

(Darla)

sexta-feira, setembro 11

Salve Gonzaguinha nesta noite triste


“E a vida!
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida
De um coração
Ela é uma doce ilusão

E a vida
Ela é maravilha
Ou é sofrimento?
Ela é alegria
Ou lamento?
O que é?
O que é?
Meu irmão...

Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo...

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor...

Você diz que é luxo e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer...

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser...

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte...

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será

É bonita ...”

terça-feira, setembro 8

Lucíola

 
"Já que você não está aqui,

O que posso fazer é cuidar de mim

Quero ser feliz ao menos

Lembra que o plano era ficarmos bem?"

quarta-feira, setembro 2

Vende-se um coração



Vende-se um coração

Quase novo
(eu juro)
ainda bem vermelho, regado de sangue moço e de vontade por sentir.

Sofre de algumas arritmias diante de cheiros e memórias que trazem lembranças, mas se vendido, vai sem elas, eu prometo.

O comprador não vai se arrepender.

Cicatrizes? Sim, ele tem, mas eu cuidei que elas fossem formadas vagarosamente, então, tem seu certo charme.
Ops...uma ferida...uhmmm...ainda sangra...mas sei que um dono zeloso vai saber cuidar dela.

Garanto que é um dos maiores do mercado
Cabe quase o mundo inteiro e olha que a dona nem é mãe.

Amplo, espaçoso, confortável, cheio das vantagens desejadas por muitos, mas os condôminos até então não souberam valorizar
Os últimos locatários, por exemplo, nem sequer o pintaram antes de partir, simplesmente se foram, deixando a porta aberta, vidros quebrados, um sofá velho...mas eu tô cuidando de entregar ao dono definitivo um lugar legalzinho como era quando o recebi.

Enfim, quero vendê-lo. Preciso me desapegar. Cuidar disso tudo sozinha tem me dado um cansaaaço... E às vezes quero viajar e tenho receio de deixá-lo assim, sem mim.

Então, melhor vendê-lo a quem vai enchê-lo de crianças e sorrisos, e cheiro de café às 5 da tarde e flores e passos ...

Vende-se um coração
Quase novo

(Darla)

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