domingo, dezembro 28

O que veio me visitar

nas cinzas dessas horas de fim de um dia e entrada do novo
lembro-me dele
e de seu olhar frente ao rio
do seu olhar fixo sobre aqueles que aceitou como irmãos
aqueles por quem quis lutar

e nesta noite
deito-me com o pensamento nele
no que com sua inquietude e espírito sonhador pôde fazer e deixar para mim
que viria muito depois
em outra nação, mas com as mesmas marcas de uma América
assim como ele

e compreendo que realmente somos um
e desejo abraçar a todos
à essa terra imensa
daqueles que são eu mesma

respiro seus ideais
e clamo pra que eles não se percam como uma história somente

mas que me movam e a todos
sempre e sempre
até a vitória...


(Darla)

segunda-feira, dezembro 22

Minha extensão

Ali está ela
Agachadinha em frente ao espelho
Penteando os cabelos

Olhos sérios, profundos, curiosos
Que guardam um imenso mundo

Olhos de gueixa
Um tom exótico

Ali está ela
Cheiro de café
[ela adora]

Um pé no oceano
Cabeça no céu
Que a faz liberdade

Ali está ela
Extensão da minh’alma
Continuação dos meus pensamentos
Resposta aos meus silêncios

Que faz do verso simples o filme que posso ver
Da palavra avulsa
O espelho de mim

Ali está ela
A amizade
Em forma de gente
De gente linda
Inteligente
Verdadeira, das que não fazem questão de agradar mas que simplesmente encantam

Ela é a Fer
A Nanda

Minha amiga Fernanda


(Darla)

sexta-feira, dezembro 19

Próxima parada: um pouco mais 'Dela'

Eu e essas que sou eu
Me fazem esse turbilhão
essa coisa toda
intensa
tonta
confusa

Essa que quer mais do que ninguém
mas que dorme
boceja
e espera

Que ainda tem nos olhos um brilho de mágico
de poço dos desejos
e mar feito pros outros se afogarem

Há intenção e ao mesmo tempo há despretensão
há querer doado
há querer surpresa
e certeza
e jogo com mistério
e transparência no entregar

Quer entrega
total
e sublime

É possível?
É real?
É verdade?

Existe um pote de ouro no fim do arco-íris do seu sorriso disfarçado de olhos apertados
E ele quer desesperadamente ser encontrado

(Darla)
Um blog amigo a fez lembrar
Lembrar gostosamente de coisas que passaram e a fez sentir a dor da saudade que faz as calçadas da vida parecerem tão grandes quanto o mundo
Lembrou-se do amigo, amigo intenso de alguns anos
Juras de amizade e amor
Declarações ao pé do ouvido interligado pelos fios e horas infinitos
Pedaços de um tempo bom que ainda pode ver marcado em cartões diversos e outros rasgados na ira,
na perda de si

Lembrou-se dos que lhe falaram doces palavras e da sua incompreensão

Lembrou-se
E lembrou-se
E se fez triste

E por hoje ela não se perdoará

Saudades...

(Darla)

quinta-feira, dezembro 18

Também prefiro as quartas-feiras


[Ei Pequeno]

Era uma hora ou duas
Frio mas podia ser verão
Era julho mas tanto importa o mês

Só se sabe da chegada
A chegada talvez desejada
Mas não esperada
Um olhar em meio à multidão e o reconhecer de um par de olhos familiar
Que ainda era de menino

[Ei pequeno]


Era noite
Mas tanto importa se fosse dia ou madrugada

Era quarta-feira
Mas importa se fosse segunda ou quinta
Pois quartas-feiras têm um toque especial de dia comum, perfeito pra acontecimentos marcantes

E ela fez por merecer tal predicativo.

Mas tanto faz quando, como e por que foi
Só se sabe que seus olhos puderam ver um novo mar à sua frente
E em seu peito via queimar uma chama nova
Ou talvez adormecida

E passou a sentir saudades, vontades no meio do dia...
Passou a Ser.

Uma visita inesperada
E o passageiro, o viajante...
Tornou-se real e presente
Em pensamentos
Na carne
Nos dias

E foi bom...
(Darla)

domingo, dezembro 14

Ela + Ele

É
A dança entrara Nela e Dela não quer deixar sair
O riso
o gozo do dia comum
do estar ali somente
mas de se sentir em braços de seda
em chãos novos e largos
sobre colchões de espuma
beijos velados e sussurros
olhares encobertos e absortos um no outro

A dança entrara Nela
e por hoje Ela se sente tomada
arrebatada

Apressa-te por sentir
e só
e deixa a pura felicidade dos dias comuns
da chuva, dos números, dos riscos que lhe foram testemunhas
absorvê-la até seu último cristal de açúcar

e a dança toma conta Dela
que é só sorriso
...
e só Ele
...
(Darla)

sábado, dezembro 13

Ela [2]


Ela dança
Dança
Rodopia e toma todo o salão

Movimenta as mãos cortando ar
Revira a cabeça e deixa os cabelos ora pendendo, ora flutuando
Os quadris parecem soltos
E a barra da saia, onda

Seu perfume exala
Inebria
E paralisa os passantes
Os amantes
Os que a observam

Os dentes parecem portas celestiais
E da boca sai o grito
A gargalhada de gozo
Por se sentir livre
Leve como no sonho

Os pés tornam-se pontas
E voltam ao chão
E deslizam e pulam e ganham vida como se se desprendessem Dela

E Ela olha
olha em volta e fecha as pálpebras e vê além

O peito palpita
As veias pulsam

O sangue corre como que hipnotizado
Por Ela

E mais e mais passantes param
E a engolem num suspiro
No desejo por absorvê-la

E Ela suavemente se vai
Na dança
No passo

Na esperança por ter sentido a alma viva
(Darla)

quinta-feira, dezembro 11

Ele

Ele veio me falar há pouco
Discorrer sobre seu dia sem muito da minha atenção.

Hoje realmente tentei e na maioria do tempo consegui manter-me à distância
[não muito...mas algo realmente triunfante pra quem é sempre tão intensa]

Confesso-lhe, meu caro leitor confidente, que por várias vezes no dia me peguei com o olhar rasteiro, espreitando-o obliquamente com um olhar encoberto, desses que escondem um oceano...

E por vezes me peguei de canto acertando os ponteiros da hora, chorosa do tempo que passa e do porquê do meu cansaço.

Ainda há pouco, Ele, que não suportou tanto escárnio, veio questionar-me sobre minha desconsideração:
Nenhum sorriso, nenhum afago...um oi talvez, ou muito menos...

E como sou sensível frente a esses clamores Dele!

Temo perder-me em desalinho novamente...

Ahhh...

Quem é Ele? Interessa-lhe mesmo saber? Não o sabe, já que me acompanha os passos há tanto?

Certo, não posso exigir-lhe assim...
Ele...
Ele é esse sentimento todo...que cisma em fazer parte de mim.

(Darla)

terça-feira, dezembro 9

Ela [1]


Ela chegou, olhou ao redor, com aquele olhar fugitivo que procura onde se esconder e que prefere não ser visto.
A mesa, de bordas arredondadas, próxima às janelas, tão longilíneas, de onde de podia ver a rua, os casais que passavam, os cachorros com seus donos, o jornaleiro, a loja da esquina...
uma respiração profunda e deixou os ombros tomarem todo o encosto da cadeira que a lembrava a de suas bonecas.
Mãos sobre o queixo sustentando mais que a pose, sustentando as idéias e o caminhão de pensamentos que a acompanhavam por dias, noites de sono ruim...
Mais um olhar em volta, olhos baixos buscando figuras na madeira da mesa: podia ver um coelho, uma cadeira de balanço mais à direita...Ela era capaz de encontrar as mais variadas formas em qualquer lugar, principalmente em azulejos.
_Alguma coisa senhorita? Ela é arrancada dos tais pensamentos subitamente pelo garçom, o que a faz ser grata pelos segundos que pode se livrar deles.
_Um café.
Ela olha pra fora e não se sabe por que, sente o entalo, o engasgo de mais uma lágrima que insiste em aguar seus olhos [se deles nascessem flores...já teria um jardim]
Pôde ver sua imagem no café que fumegava à sua frente e que desejava ser engolido, unir-se a Ela [seu único companheiro no momento]
Mais um suspiro, daqueles de cansaço. Um blues ao longe, as outras almas em volta a viverem e Ela se olha, pois duvida da sua existência ali, naquele momento, naquele universo.
Os olhos agora já são dos que buscam, dos que anseiam, dos que querem mais que uma companhia pro café.
Ela pega os pensamentos todos, com os quais teve que se acostumar da presença constante, toma sua bolsa, paga seu café com mais que um trocado, deixa ali um pouco de si...

(Darla)

Em: chave sem porta


Calo-me
Num ato desesperado por ser transparente
Quero que vejam através e só.

E penetro nesse silêncio que grita ininterruptamente dentro de mim
Não quero saber de nada
Pra quê?
Não quero ser nada

Quero como na música:
Não perder a glória de chorar
Não esconder o coração
Quero juntar as mãos
Viver em paz
E não deixar faltar amor
Não posso deixar, jamais

E se isso se chama estar perdido
Não quero mais saber de caminho algum...
Só quero ir caminhando
Esbarrando nas coisas
Nas pessoas
Em palavras
E que [por favor]
Que existam silêncios.

Silêncios é meu alimento.

E percebo que assim é melhor
Pois não sei sair intacta de qualquer contato com qualquer ser vivente
Teimo em deixar partes de mim espalhadas
Deixo que as levem, assim,
Sem saber pra onde
Sem saber se serão bem cuidadas
Sem ter notícias.

Partes de mim se vão a todo instante
E só fico com as marcas
As cicatrizes que me fazem lembrar
[Essa tarefa dolorosa da lembrança]
Ando sem meus olhos ultimamente
E não sabes tu como é difícil aprender o braile
Talvez se ainda fosse criança conseguiria
Mas nesse estado de alma sem idade
Encontro-me sem conseguir aprender.

Uma chave perdida
Procurando uma porta que queira ser aberta
Uma não,
Procuro a porta.

Não sei nadar
Não sei tocar
Só sei-me ser
E sinto-me ridícula
Amassada
Numa pequenez absurda.

Derramo-me sobre o café negro e quente
Que faz meu sangue correr mais acelerado
Deixo-me levar num ritmo novo
Da música que invade o cômodo.
Carrego-me pela casa
Derreto-me em seus pés
Ora, mas você não está!
Esqueci-me...

Não estou aqui
Estou por aí
Sem rumo.

(Darla)

Desejos para uma vida além

Diziam-me dela:
vai ser o que quiser na vida.
é que os ditadores dessas fábulas
também tolheram-na. Estranho.

Escolha uma caixa então, ele a disse.
A caixa metálica cabia meia dúzia de sonhos inoxidáveis.
Ela olhou para mim, naquele gesto de quem duvida do mundo,
Deu um sorriso lento, num olhar queimado de quem já não sabe
sofrer,
Ou sentir, ou reagir.
Olhou para caixa, olhou para mim.
Seis sonhos inoxidáveis, Amelie. Escolha o que quiser.
Naquele olhar vago, preso na gravura da caixinha,
Enquanto seus dedos a tocavam longe de estarem ali.
Amelie?

"O barulho de chaves no fim da tarde anunciando-me sua chegada
Seus pés descalços tocando minha perna antes de dormir
O olhar dedicado que pousa sobre tudo em volta e sobre mim sempre
O som do seu sono perturbando o meu e sem o qual não poderia suportar a vida
Seu cheiro em tudo: no travesseiro, nas minhas roupas e sobretudo na minha pele
O beijo suave e diário"

(Poema: Fernanda)

( Desejos: Darla)

domingo, dezembro 7

O teu errado mais certo














Palavras são apenas palavras
E podem ser ditas com metáforas
Lindos verbos
Rimas...
Mas são só e somente palavras

Posso te dizer tanta coisa
Posso tentar me explicar
Te explicar
Nos explicar...

Posso tentar dar uma desculpa
Um motivo para ir
(sabendo que quero ficar)

Posso tomar os versos do mundo
As músicas
(as melhores)

Mas serão apenas palavras...

O que quero
E em que deveria e devo me concentrar é:
Tatuar-me em tua pele
De forma que ao me ver ali, gravada
Todos os dias,
Todas as horas,
Pense que mesmo sem saber quem sou ao certo
Mesmo sem saber se sou o número do tamanho do teu vazio...

Sinta (sem pensar)
Que sou eu o teu “errado” mais certo.

(Darla)

quarta-feira, dezembro 3

Minha Pasárgada


















Procuro um país que não tenho o nome
Uma nação pra me suportar
Terras bem fartas para eu me deitar
Mananciais de amor
Loucuras sem dor...

Procuro árvores que tenham como frutos poemas
Chuva doce
Flores como sorrisos
Ventos que cantam músicas...

Procuro a calmaria do mar em dias de sol
E seus maremotos em dias de amor

Uma nação que me aceite
Que goste do meu jeito torto
Do meu jeito que não se sabe o quê

Que lá possa encontrar aqueles chamados Saudades
Que fazem a gente esquecer por um dia ao menos certas contradições da vida e nos tiram do chão...

Mas que sempre existam os caramujos com coração [sim, eles têm]
[Deles não abro mão]
Pra bater papo comigo debaixo de um céu de estrelas
Adoçar-me os lábios e como sempre, dizer adeus...

Eles me intrigam e tiram-me o sono...

(Darla)

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